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Jornada do Herói - parte 2

Esta é a segunda parte do artigo sobre A Jornada do Herói. Para ler a primeira parte, acesse aqui

Testes, Aliados e Inimigos

"Uma vez ultrapassado o Primeiro Limiar, o herói naturalmente encontra novos desafios e Testes, faz Aliados e Inimigos, e começa a aprender as regras do Mundo Especial. Saloons e bares parecem ser bons lugares para essas transações. Muitos e muitos filmes de faroeste levam o herói a um saloon, onde sua coragem e determinação são testadas, e onde amigos e vilões são apresentados. Os bares também são úteis para que o herói obtenha informações e aprenda as novas regras que vigoram no Mundo Especial."

- Cristopher Vogler

Aproximação da Caverna Oculta

"Finalmente, o herói chega à fronteira de um lugar perigoso, às vezes subterrâneo e profundo, onde está escondido o objeto de sua busca. Com frequência é o quartel-general do seu maior inimigo, o ponto mais ameaçador do Mundo Especial, a Caverna Oculta. Quando o herói entra nesse lugar temível, atravessa o segundo grande limiar. Muitas vezes, os heróis se detêm diante do portão para se preparar, planejar e enganar os guardas do vilão. Essa é a fase da Aproximação"

- Cristopher Vogler

A Provação

"Esse é um momento crítico em qualquer história. É uma Provação em que o herói tem de morrer ou parecer que morre, para poder renascer em seguida. É uma das principais fontes da magia do mito heroico. As experiências dos estágios precedentes levaram a plateia a se identificar com o herói e seu destino. O que acontece com ele está acontecendo conosco. Somos encorajados a viver com ele esse momento de iminência de morte. Nossas emoções são temporariamente deprimidas, para poderem reviver no "quando o herói retorna da morte". O resultado desse reviver é uma sensação de entusiasmo e euforia."

- Cristopher Vogler

Recompensa

"Após sobreviver à morte, derrotar o dragão ou liquidar o Minotauro, o herói e a plateia têm motivos para celebrar. O herói, então, pode se apossar do tesouro que veio buscar, sua Recompensa. Pode ser uma arma especial, como uma espada mágica, ou um símbolo, como o Santo Graal, ou um elixir que irá curar a terra ferida. Por vezes a "espada" é o conhecimento e a experiência que conduzem a uma compreensão maior e a uma reconciliação com as forças hostis."

- Cristopher Vogler

Caminho de Volta

“Mas o herói ainda não saiu do bosque. Estamos passando agora para o terceiro ato, no qual ele começa a lidar com as consequências de ter-se confrontado com as forças obscuras da Provação. Se ainda não conseguiu se reconciliar com os pais, os deuses, ou as forças hostis, estes podem vir furiosos ao seu encalço. Algumas das melhores cenas de perseguição surgem nesse ponto, quando o herói é perseguido no Caminho de Volta pelas forças vingadoras que ele perturbou ao apanhar a espada, o elixir ou o tesouro.”

- Cristopher Vogler

Ressurreição

"Antigamente, os caçadores e guerreiros tinham que se purificar antes de voltar a suas comunidades, porque tinham sangue nas mãos. O herói que esteve no reino dos mortos deve renascer e se depurar, em uma última Provação de morte e Ressurreição, antes de voltar ao Mundo Comum dos vivos. Muitas vezes, este é um segundo momento de vida-ou-morte, quase uma repetição da morte e renascimento da Provação. A morte e a escuridão fazem um último esforço desesperado, antes de serem finalmente derrotadas. É uma espécie de exame final do herói, que deve ser posto à prova, ainda uma vez, para ver se realmente aprendeu as lições da Provação. O herói se transforma, graças a esses momentos de morte-e-renascimento, e assim pode voltar à vida comum como um novo ser, com um novo entendimento."

- Cristopher Vogler

Retorno com o Elixir

"O herói retorna ao Mundo Comum, mas a jornada não tem sentido se ele não trouxer de volta um Elixir, tesouro ou lição do Mundo Especial. O Elixir é uma poção mágica com o poder de curar. Pode ser um grande tesouro, como o Graal, que, magicamente, cura a terra ferida, ou pode, simplesmente, ser um conhecimento ou experiência que algum dia poderá ser útil à comunidade."

- Cristopher Vogler

Uma jornada para o roteirista?

Talvez você como escritor se pergunte se vale a pena usar a Jornada do Herói como estrutura para a sua história. E a resposta, só você mesmo pode saber. Os filmes e livros  que trabalham com a estrutura te agradam? Existem outras estruturas nas quais sua história se adequaria melhor? 

Conhecer a Jornada do Herói e o Monomito é essencial para qualquer escritor e roteirista, mas isso não significa que você é obrigado a utilizá-la. Apesar disso, você também verá que alguns elementos são tão fundamentais em tramas clássicas que, mesmo sem ter a intenção, talvez você acabe criando personagens ou eventos que de alguma forma se enquadrem nos Arquétipos e Etapas citados. Por isso, também é bom refletir ao analisar obras alheias e forçosamente as enquadrar dentro da estrutura. Apesar de podermos identificar etapas da Jornada em uma obra, isso não quer dizer que a estrutura foi utilizada pelo criador ao escrevê-la. Veremos inclusive nos próximos artigos que algumas obras podem se adequar simultaneamente em estruturas diferentes.

 

 A Jornada do Herói é importante por trazer em si alguns dos valores e questões mais primitivos em nossa sociedade e em cada um de nós. Aí está o que nos cativa e faz com que nos identifiquemos nas aventuras vividas por esses heróis e heroínas.

"A Jornada do Herói é uma armação, um esqueleto, que deve ser preenchido com os detalhes e surpresas de cada história individual. A estrutura não deve chamar a atenção, nem deve ser seguida com rigidez demais. A ordem dos estágios que citamos aqui é apenas uma das variações possíveis. Alguns podem ser eliminados, outros podem ser acrescentados. Podem ser embaralhados. Nada disso faz com que percam seu poder. Os valores da Jornada do Herói é que são importantes."

- Cristopher Vogler

Boa escrita!

Deixe sua dúvida ou comentário. E se você acredita que aprendeu algo diferente e positivo, não se esqueça de compartilhar os novos conhecimentos adquiridos. 

Texto e Seleção: Jaqueline M. Souza

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